Mais de 80 mil pessoas celebram Pentecostes em Manaus

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Uma celebração para agradecer a Deus pelo dom do Espírito Santo reuniu no Sambódromo de Manaus umas 80 mil pessoas.
A grande festa da Igreja de Manaus, uma festa da partilha, onde a partilha de alimentos, arrecadados pela Caritas, ajuda os mais carentes, é oportunidade para descobrir “como é bom estarmos aqui a nossa Igreja de Manaus e podermos invocar os dons do Espírito, dos quais não somos merecedores”, disse o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner no início da celebração, que destacou o fato de “nos sentirmos no Espírito, todos irmãos e irmãs”, lembrando o lema da Festa de Pentecostes 2024.

Na homilia, o arcebispo iniciou agradecendo os 2.000 voluntários na organização da Festa e aos funcionários públicos da Prefeitura de Manaus e do Estado do Amazonas que garantiram a tranquilidade durante a celebração. Comentando a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos lida na primeira leitura, o cardeal Steiner destacou diante da diversidade de procedências, o fato de ser “todos, no Espírito, irmãos e irmãs”, um Espírito que não escolheu, mas que abundantemente se apresentou, iluminou, “e pelo fato de ser irmãos e irmãs no Espírito, é que ouviram falar na própria língua, na própria cultura, no seu modo próprio de pensar, de ser”.

O arcebispo de Manaus ressaltou que “a linguagem do Espírito, não é a nossa linguagem, porque a linguagem do Espírito é a suavidade do amor, mas é a suavidade da gratuidade, do dom da graça, a linguagem do Espírito é sempre a linguagem da proximidade, é sempre a linguagem do caminho, é sempre um sair para encontrar”. Uma Festa de Pentecostes inspirada na Campanha da Fraternidade 2024, “para reafirmar mais uma vez: irmãos e irmãs no Espírito”, disse o cardeal, enfatizando que “nós somos irmãos e irmãs”.

Dom Leonardo comparou o sopro do Espírito sobre os discípulos, relatado no Evangelho, com o que acontece diante de uma criança que se machuca, que com o sopro da mãe, a dor se vai. Segundo ele, “é o sopro do Espírito, porque é o sopro da maternidade, é o sopro da paternidade, é esse sopro que cura as feridas, é esse sopro que cura as quedas da vida, é esse Espírito que vai sempre renovando, colocando de pé, esse Espírito que vai afastando a divisão, esse Espírito que sempre de novo recolhe e acolhe, o sopro do Espírito”.

“Jesus soprou sobre eles, e nós recebemos esse sopro na Crisma”, disse o arcebispo de Manaus. Ele destacou que “todos nós recebemos o Espírito Santo, e todos nós somos iluminados pelo Espírito Santo, e todos nós temos o vigor do Espírito Santo, só que às vezes não nos damos conta, porque achamos que nós é que sabemos tudo, que nós é que sabemos os passos a serem dados, não temos a paciência de recolher, de esperar, para que o Espírito possa indicar qual é o melhor caminho, qual a melhor escolha, qual a melhor vocação, qual é o melhor ministério que nos é confiado”.

Igualmente, dom Leonardo destacou que “o Espírito nos leva ao perdão, o Espírito nos leva à reconciliação, o Espírito harmoniza de novo a nossa vida, o Espírito que é capaz de sempre de novo tecer as relações familiares, as relações amorosas, as relações mais íntimas. É o Espírito que sempre de novo tece as relações da comunidade, as relações sociais”. Isso porque, “não existe família sem perdão, não existe irmãos e irmãs sem perdão”, disse o arcebispo, que destacou o fato de receber e oferecer o perdão, algo que aproxima, “porque aprendemos esse acarinhar de Deus no perdão”, chamando a perdão do modo de Deus, “porque o nome de Deus é misericórdia”.

O cardeal Steiner refletiu sobre a riqueza da Igreja católica nas vocações, nos ministérios, nos serviços, nas pastorais, “tudo sendo alimentados, revigorados, fortalecidos pelo Espírito”, que vai suscitando ministérios. Ele fez um chamado a ter na Arquidiocese de Manaus o ministério da missão, “em cada comunidade termos irmãos e irmãs que levam a Palavra de Deus nas casas, para que a nossa Igreja seja cada vez mais missionária, cada vez mais evangelizadora, empurrada pelo Espírito, atraída pelo Espírito”. Isso porque “a comunidade não é para ela, a comunidade é para os outros”, pedindo “colocar os nossos dons ao serviço”.

Um se colocar ao dispor porque Espírito é Pai e Mãe dos pobres, e porque o recebemos, “ele quer que sejamos pais dos pobres, ele pede que sejamos mãe dos pobres, que não deixemos ninguém de lado, que vamos sempre ao encontro dos outros, não apenas para oferecer o perdão, que já é muito, mas oferecer também o conforto, a justiça, o lazer, a cultura, a educação, a oportunidade de trabalho”.

Lembrando que ao menos da metade da coleta seria destinada a ajudar os irmãos e irmãs que estão sofrendo no Rio Grande do Sul, ele fez um chamado a ver “o que nós estamos fazendo com a natureza, nós estamos empobrecendo a natureza, nós estamos destruindo, nós estamos dominando, nós estamos obrigando a natureza a fazer aquilo que ela não pode fazer”. Uma preocupação que deve estar presente em que mora na Amazônia, afirmando que “nós deveríamos estar profundamente preocupados com o meio ambiente, porque estamos delapidando a Mãe Terra, estamos destruindo a Mãe Terra, e ela necessita de um novo espírito, ela necessita de um novo cuidado”, dizendo que “porque recebemos os sete dons do Espírito, queremos dela cuidar”.

Finalmente, o cardeal Steiner fez um chamado a cuidar das crianças e adolescentes abusadas sexualmente, “são os pobres, atingidos na alma, porque atingidos na sexualidade. Destruir a vida não é possível, porque são morada do Espírito, receberam o Espírito, é obrigação nossa termos um cuidado cada vez maior”. Para isso, dom Leonardo pediu que “o Espírito nos eleve, nos encante, nos transforme, nos alegre, nos dê a jovialidade, nos dê a graça da gratuidade para bem servir”, rezando: “Vinde Pai dos pobres, vinde doador dos dons, vinde, transformai as nossas vidas, alegrai as nossas comunidades, elevai a nossa pobreza de alma, enriquecei com vossos dons a nossa vida”.

No final da celebração foi aberta a segunda etapa do Sínodo da Juventude da Arquidiocese de Manaus. Para isso foi entregue para cada Setor da Arquidiocese de Manaus um ícone, que representa Jesus escutando os jovens, inspirado na passagem dos discípulos de Emaús. Um tempo para que, como diz a oração dos Sínodo, pedir a Jesus: “escuta as coisas que conversamos, as nossas dúvidas, medos e frustrações”. Isso num caminhar que “tem marcas de dor, de exclusão, mas também tem muita beleza nesse solo sagrado de rios, igarapés e cidades da Querida Amazônia”, com jovens marcados pela diversidade, e as marcas de esperança, que mostram sua disponibilidade a Jesus.

Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB e Vatican News

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