Do céu limpo descia neste domingo um sol tépido e agradável que aquecia o corpo dos milhares de fieis e turistas que se congregaram na Praça de São Pedro para aquecer o coração com as palavras do Papa.
E, como todos os domingos, ao meio dia, Francisco apareceu à Janela do Palácio Apostólico para rezar o Ângelus e reflectir com os fieis sobre a leitura evangélica deste dia que nos propõe – disse – a parábola do vinhateiro. Um patrão confia a alguns vinhateiros a sua vinha para que cuidem dela e a façam frutificar. Mas quando manda os servos e mesmo o seu próprio filho para receber os frutos da vindima, são mortos pelos vinhateiros que pensam poder deste modo, herdar a vinha.
Esta parábola – disse o Papa – recorda a história de Israel, uma história que nos pertence: fala-se da aliança que Deus quis estabelecer com a humanidade e à qual nos chamou também a nós a participar. No entanto, esta história de aliança, como todas as histórias de amor, tem os seus momentos positivos, mas também de traições e recusas.
E para compreender a forma como Deus responde às recusas ao seu amor e à sua proposta de aliança, o Evangelho de hoje, perante a atitude dos vinhateiros lança esta pergunta “Quando vier o dono da vinha, o que fará àqueles camponeses?”
Esta pergunta – prossegui o Papa – sublinha que “a desilusão de Deus pelo malvado comportamento dos homens não é a última palavra. Está nisto a grande novidade do Cristianismo: um Deus que, embora desiludido pelos nossos erros e pelos nossos pecados, não falta à sua palavras, não pára e, sobretudo, não se vinga! Irmãos e irmãs, Deus não se vinga! Deus ama, não se vinga, espera-nos para nos perdoar, para nos abraçar”
Através destas situações de fraqueza e pecado, das “pedras de descarte”, e Jesus foi a primeira pedra descartada, Deus continua a pôr em circulação o “vinho novo” da sua vinha, isto é a misericórdia. Este é o vinho novo da vinha do Senhor: a misericórdia – afirmou Francisco – acrescentando que o único impedimento perante a vontade tenaz e terna de Deus, é a nossa arrogância e a nossa presunção que, por vezes, se torna violência!
“Perante estas atitudes e lá onde não se produzem frutos, a Palavra de Deus conserva toda a sua força de reprovação e admoestação: ser-vos-á tirado o reino de Deus e será dado a um povo que saiba fazê-lo dar frutos”.
A urgência de responder com frutos positivos à chamada do Senhor, que nos convida a tornarmo-nos na sua vinha, nos ajuda a compreender o que há de novo na fé cristã, no cristianismo que, – disse Francisco – não é tanto a soma de preceitos e normas morais, mas é, antes de mais, uma proposta de amor que Deus, através de Jesus fez e continua a fazer à humanidade:
“É um convite a entrar nesta história de amor, tornando-se numa vinha vivaz e aberta, rica de frutos e de esperança para todos. Uma vinha fechada pode tornar-se selvática e produzir uva selvática. Somos chamados a sair da vinha para nos pormos ao serviço dos irmãos que não estão connosco, para nos sacudirmos reciprocamente e nos encorajarmos para nos recordarmos que devemos ser vinha do Senhor em todos os ambientes, mesmo naqueles mais longínquos e em condições difíceis.”
Antes de passar à oração do Ângelus, o Papa invocou a intercessão de Maria Santíssima a fim de que nos ajude a ser, onde quer que seja, especialmente nas periferias da sociedade, a vinha que o Senhor plantou para o bem de todos, e a trazer vinho novo da misericórdia do Senhor.
A seguir à oração do Ângelus, o Papa recordou que ontem, sábado, em Milão, foi proclamado Beato, o Padre Arsénio da Trígolo (cujo nome original era Giuseppe Migliavacca), sacerdote dos Frades Menores Capuchinhos e fundador da Congregação das Irmãs de Maria Santíssima Consoladora.
“Louvemos o Senhor por este seu humilde discípulo que, mesmo em condições adversas e nas provações, não perdeu nunca a esperança”.
Francisco saudou depois com afecto diversos grupos de peregrinos presentes na Praça de São Pedro, sobretudo famílias e grupos paroquiais provenientes da Itália e de vários outros países do mundo, de modo particular da Austrália, da França, da Eslováquia, assim como também da Polónia que se uniam espiritualmente aos seus compatriotas que hoje celebram, na Polónia, o Dia do Papa.
Francisco saudou também o grupo vindo do Santuário de Nossa Senhora de Fátima da Cidade de Pieve (Itália central) acompanhado pelo Cardeal Gualtieri Bassetti, arcebispo de Perugia- Città di Pieve e actual Presidente da Conferência Episcopal Italiana. O Papa encorajou-os a prosseguirem com alegria no caminho da fé, sob o olhar cuidadoso e terno da nossa Mãe celeste. Ela é o nosso refúgio e a nossa esperança – rematou.
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