CNBB expressa solidariedade ao povo Yanomami e cobra ações do governo

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Comissão Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB divulgou uma nota de repúdio à violência sofrida pelo povo Yanomami do Amazonas, especialmente a invasão do garimpo ao território, a violência sexual contra mulheres e crianças e a falta de ações por parte do governo. 

Em nota, a Comissão apresenta dados do relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, divulgado em 11 de abril, pela Hutukara Associação Yanomami. 

A maior terra indígena do país sofre com o avanço da destruição garimpeira. Segundo dados extraídos do relatório, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. No ano passado, já havia sido registrado um salto de 30% em relação ao período anterior. 

Confira a nota de repúdio na íntegra: 

 Nota de repúdio à violência contra o povo Yanomami 

“Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai testemunhar contra vós e devorar vossas carnes, como fogo!” (Tg 5,3) 

“A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, vem a público expressar, veementemente, sua indignação e repúdio diante da violência sofrida pelo povo Yanomami, especialmente a invasão do garimpo ao seu território, a violência sexual contra mulheres e crianças e o completo descaso do governo. 

O relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, divulgado em 11 de abril, construído pela Hutukara Associação Yanomami, denuncia a dramática realidade em que vivem as comunidades Yanomamis do Amazonas, de Roraima e, também, revela que a exploração do garimpo cresceu 46% nas reservas indígenas em 2021. Os números de ataques criminosos contra as comunidades Yanomamis são alarmantes e desesperadores. 

O documento traz ainda relatos de violência sexual e estupros sofridos por adolescentes e mulheres yanomamis, praticados por garimpeiros invasores que desenvolvem atividades criminosas de extração de ouro. A presença do garimpo ilegal nos territórios indígenas tem provocado a contaminação por mercúrio, afetando a saúde dos rios e florestas e das populações que ali vivem. O povo Yanomami encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras. Vale enfatizar que a Covid-19 também gerou graves perdas e consequências aos povos indígenas. 

Tudo isto é fruto da inoperância do Estado brasileiro, em particular do governo federal, que de forma explícita vem desenvolvendo ações para expulsar os povos e comunidades de suas terras tradicionais; concedendo sobretudo títulos de propriedade aos que se apossam de terras públicas, em especial onde se encontram os povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas ambientais. 

A CEPEETH, une-se à reivindicação das lideranças indígenas na voz de Dário Kopenawa: “O governo precisa avaliar suas ações, pois muitas operações de combate ao garimpo não surtiram efeito. Esse documento, ‘Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo’ mostra a realidade que estamos vivendo e suas consequências, de muita violência e vulnerabilidade. O meu povo está sofrendo. Pedimos o apoio da população para se unir ao nosso grito de socorro para a retirada imediata dos garimpeiros do nosso território”. 

Fiel ao seu compromisso místico-profético com os clamores dos pobres e da terra, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) expressa solidariedade e compromisso com a defesa da vida das comunidades Yanomamis e das florestas, sobretudo, as áreas de reservas indígenas; repudia e denuncia com indignação, toda forma de exploração e violência em especial, a violência sexual contra Mulheres, adolescentes e crianças. 

Evaristo Pascoal Spengler 

Bispo de Marajó/PA 

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano” 

Fonte: CNBB, Conselho Indigenista Missionário 

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