Após dois anos sem o encontro presencial, cerca de cinco mil romeiras e romeiros vindo das comunidades eclesiais, organizações sociais e populares das dioceses do Centro-Oeste, Centro-Norte, Sul e Extremo Sul e Sudoeste da Bahia, Norte e Nordeste de Minas Gerais puderam se reencontrar entre os dias 01 e 03 de julho de 2022 na 45ª Romaria da Terra e das Águas em Bom Jesus da Lapa – BA. O encontro celebrou, refletiu, animou e organizou este ano a partir do tema: “Ouvir e caminhar juntos: somos povos da terra e das águas!
Na oportunidade foi celebrada a vida dos presentes que em luta vem sobrevivendo a destruição e exploração contra os marginalizados da terra. Também foi celebrada a vida daqueles que estão em comunhão com a esperança por um reino de abundância e liberdade. Foi divulgada uma carta dos romeiros que diz: “Refletimos que a crise histórica que nos acompanha corresponde ao projeto que vem sendo liderado por uma classe dominante que tem como centralidade a acumulação de capital a partir do uso permanente da violência e exploração do povo e da natureza, expressando na política brasileira em um governo de caráter fascista que legitima e aprofunda o genocídio do nosso povo, dos biomas, territórios. Não havendo outra alternativa que não seja a organização profética do povo para a transformação integral da atual sociedade com vista a uma caminhada popular e de solidariedade.”
Inspirada na mensagem da Campanha da Fraternidade, “Fala com Sabedoria ensina com o amor”, a romaria mais do que nunca foi um encontro de diálogos. Esse exercício se torna essencial nesse momento considerando a atual realidade enfrentada pelo povo no mundo, exigindo diversos diálogos dos povos que, como ao longo da história, conseguiram aprender e encontrar saídas nos períodos de longa adversidade quando munidos dos ensinamentos dos antepassados, aprendendo com o presente e sem perder a moral histórica de manter fiel ao anuncio da boa nova.
Foram três dias de trocas de experiências nos quais foram anunciados os compromissos dos cinco plenarinhos que reforçam e iluminam a permanente caminhada de luta:
- Fé e Politica: Assumir a igreja povo de Deus, a partir das comunidades eclesiais de base, que integre fé e política, compromisso com a transformação social, atendendo ao apelo do Papa Francisco – “ser igreja dos pobres para os pobres” – como resposta aos apelos do evangelho. Resgatar a dimensão profética na denúncia de tudo que destrói a vida, na mobilização permanente dos empobrecidos pelo capitalismo, na acolhida às diversidades no combate ao racismo e patriarcado, defendendo a fé como compaixão de compromisso, na promoção do bem-viver e na prática de uma ecologia integral, resgatando o sentido de ser evangélico-cristão fiel ao projeto de Jesus Nazaré.
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Juventudes: Retomar as atividades dos grupos de base, buscando a rearticulação e o fortalecimento, o engajamento político em defesa dos direitos das juventudes empobrecidas, intensificando também as campanhas solidárias, os atos em defesas do meio ambiente, a reivindicação por políticas públicas, que efetivem o direito a saúde mental, educação, moradia, trabalho e renda para todas as juventudes.
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Terra e Território: Apostar, fortalecer e desenvolver lutas conjuntas no campo/cidade através de redes, teias, fóruns, investidos ainda mais no trabalho de base, favorecendo a formação global e continuada de novos quadros, revertendo o processo de criminalização das lutas e das lideranças, visando derrubar o projeto de morte implantado no país. O plenarinho assumiu como compromisso que a luta dos Povos Indígenas deve ser a luta de todos nós.
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Crianças: Partilhar o que refletimos no encontro da catequese, na escola, e em nossas famílias que não devemos poluir os rios, não jogar coisas na rua e sim no lixo. Em nossa comunidade plantar e cuidar das árvores; não destruir as florestas; ajudar nossos pais no plantio de legumes, verduras e frutas. Amar o planeta em que vivemos.
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São Francisco e outras bacias: Reprodução e divulgação da Carta ao povo da Bacia do Rio São Francisco e das outras bacias da Bahia, representadas na 45ª Romaria da Terra e das Águas, para mobilizar os/as ribeirinhos/as pelos direitos dos rios, das águas e da vida.
É com esse espírito que os romeiros presentes na quadragésima quinta romaria carregando entusiasmo de amor à vida e fortalecidos da rebeldia popular compartilhada, renova-se a esperança dos mais pobres na construção revolucionária da casa comum. Sabendo que o caminhar se faz caminhando, esperamos que os romeiros presentes e aqueles que recebem essa carta possam com essa mensagem se sentir animados/as e inspirados/as para a construção das próximas lutas, onde possamos fortalecer a democracia e participação com autonomia do povo, sendo o desafio principal deste ano a organização popular para impor derrota ao fascismo e ao programa neoliberal que violenta e dizima os pilares fundamentais da vida. Como foi apresentado na homilia, o desafio é devolver o Brasil ao povo brasileiro!
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