Uma bolha de ar se formou no vento que soprava para o leste da nave da Igreja onde estava uma jovem doutora sentada assistindo a um recital de poesias.
Dentro da bolha foi um par de olhos que, melindrosos e tímidos por questão de essência, não conseguiram enxergar a “douta” atenta a tudo que acontecia.
Nos recitais mais poéticos, cantarolados em versos bíblicos, se fazia menção honrosa à ilustre convidada que, vez por outra, sorria ou aplaudia as apresentações tanto quanto os demais convidados. A naturalidade que pendia daqueles pobres olhos ao enxergarem os visitantes não deixava se destacar entre todos uma única pessoa. Enxergavam todos, sem, no entanto, veem alguém em particular.
A bolha só explodiu quando de repente termina o recital, e uma poetisa repentinamente chega próximo do curador e diz que sua amiga que viera para prestigiá-la ficara encantada com a apresentação e que gostaria de parabenizá-lo pelo evento tocante às entranhas mais nostálgicas possíveis. Assim que se apresentaram, aquele par de olhos que se perdeu na imensidão das pessoas podia encontrar-se junto com seus novos olhos destacados “entre mil”, ajudando, com isso, dois olhares se cruzarem despedindo-se e seguindo para seus mundos diferentes, porém iguais em timidez.
Depois de três meses, parece que tudo estava se repetindo: a bolha de ar com os dois olhos passeava por entre bancos de madeira até que eles próprios conseguiram explodi-la, evidenciando a doutora entre os “mil” e, com esta proeza, o curador conseguiu fazer com que a sua fala ganhasse autoridade a cada palavra proferida pela convidada que discursou exaltando a importância da força feminina contra a violência que emerge no seio familiar. A partir daquele dia os olhares se fizeram amigos sem necessidade de se esconderem entre bolhas de timidez: “assim está sendo uma amizade entre a irmã da minha amiga e eu”, disse um filósofo enquanto parabenizava a doutora _”Parabéns à sua ‘irmã’!”.
Por:Padre Joacir d’Abadia, filósofo autor de 12 livros, Especialista em Ensino Universitário
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