Humildade: esta é a virtude que mais caracterizou a vida de Maria Berenice Duque Hencker, fundadora da Congregação das Irmãs da Anunciação, que viveu entre os séculos XIX e XX, proclamada beata na tarde deste sábado (29/10) na Basílica Catedral Metropolitana da Imaculada Conceição, de Medellín, Colômbia. O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, representante do Papa na Missa com o rito de beatificação, explicou em sua homilia que durante o processo que levou a religiosa, nascida Anna Julia, às honras dos altares, os consultores teólogos concordaram em defini-la como “humilde”. “Isto é muito importante porque o fundamento de todas as virtudes cristãs é a humildade”, continuou o cardeal. “Santo Agostinho disse: ‘Você quer ser alto? Comece do mais baixo. Se você pensa que está construindo o alto edifício da santidade, primeiro prepare os alicerces da humildade”.
Uma preocupação constante da religiosa dominicana, originária de Salamina, que iniciou uma nova família religiosa em 1943, era ajudar os marginalizados da sociedade e responder às necessidades concretas da população. Desejosa de levar a mensagem de Jesus até os confins do mundo e impulsionada pelo zelo missionário, ela também queria estabelecer comunidades em outros países.
O modelo de Maria Berenice: a Virgem da Anunciação
O cardeal Semeraro lembrou que Madre Maria Berenice sempre teve “como modelo a Nossa Senhora da Anunciação, a quem ela dedicou sua primeira fundação religiosa: as Irmãs da Anunciação”. Ela mesma viveu sua vida diária na essencialidade, considerando-se um ‘vermezinho’, um ‘lixo’, um ‘nada'”. Em sua homilia, o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, baseando-se nas leituras litúrgicas, traçou um paralelo entre a figura de Maria e a de Madre Maria Berenice. A Virgem é um exemplo para nós “ao sentir-se pequena diante da grandeza da missão com a qual ela se sente investida” no anúncio do arcanjo Gabriel, ela permanece humilde e se intitula “a serva do Senhor”, “ela responde com palavras humildes” e “ela permanecerá sempre assim: humilde”. O cardeal citou, a este respeito, as palavras do Papa Francisco no Angelus de 24 de dezembro de 2017: “Maria não se exalta diante da perspectiva de se tornar a mãe do Messias, mas permanece modesta e expressa sua adesão ao plano do Senhor”. Maria não se vangloria. Ela é humilde, modesta”. E quando o anjo se afastou dela, Maria “permanece sozinha com o mistério de sua maternidade”, sublinhou o cardeal.
Atenção aos pobres e aos pequenos
“É necessário viver de fé… o como, no entanto, é deixado a nós, à nossa criatividade”. Deus, de fato, sempre nos deixa livres”, salientou o cardeal, acrescentando que “viver de fé não significa ter uma receita para problemas, mas buscar uma resposta pessoal a cada vez, considerando os estilos de Deus e acolhendo os desafios da história”. Isto é santidade. Madre Maria Berenice procurou “dia após dia, com dificuldade, com sofrimento, superando muitas provações” como responder a Deus, em meio a contrastes e mal-entendidos. Mas ela teve o “bom exemplo” de Maria, comentou o cardeal Semeraro, ela também a imitou na caridade para com os pobres, que “estavam no centro de sua existência e também para que eles fossem ‘evangelizados’, ela iniciou uma família religiosa”. Ela reservou um amor especial para as crianças mais pobres, “que ela considerava como as favoritas do Senhor”. “Convencido de que deles é o Reino dos Céus”, concluiu o prefeito, dizia que o Reino de Deus “começa aqui em baixo através das pequenas coisas”.
Tiziana Campisi – Vatican News
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