Dom Rodolfo Weber fala sobre Encontro do Papa com a Federação Luterana Mundial

Dom Rodolfo afirmou que a Igreja também ensina que é da nossa natureza, da essência do ser cristão ser ecumênico, isto é, dialogar com as pessoas, com os cristãos que tem a mesma origem em Cristo, o mesmo batismo, um só Deus

O Papa Francisco recebeu em audiência, na sexta-feira, 25 de junho, no Vaticano, uma delegação da Federação Luterana Mundial. Na ocasião, o Pontífice recordou sua visita a Lund, cidade onde a Federação foi fundada, no âmbito de sua viagem apostólica à Suécia, em 2016.

Diante dessa visita, o portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conversou com o arcebispo de Passo Fundo (RS) e referencial do diálogo Católico-Luterano no Brasil, dom Rodolfo Luís Weber, que falou sobre como anda o caminho desse diálogo aqui no país.

Ao contextualizar a visita da Federação ao Papa, dom Rodolfo disse que a Igreja nos seus ensinamentos sobre a convivência com pessoas de outros credos, no Concílio Vaticano II, disse claramente que temos liberdade religiosa, isto é, o direito de crer ou não crer, o direito de escolher uma pertença a uma Igreja, a uma religião, mas uma escolha livre, consciente e responsável. “Por isso a Igreja defende esse princípio como um direito fundamental do ser humano na sua capacidade de escolha, sua liberdade de escolher a fé que vai professar e a pertença a qual religião vai fazer”, salientou.

Dentro desse contexto, dom Rodolfo afirmou que a Igreja também ensina que é da nossa natureza, da essência do ser cristão ser ecumênico, isto é, dialogar com as pessoas, com os cristãos que tem a mesma origem em Cristo, o mesmo batismo, um só Deus. “Portanto, nós temos um elemento em comum de diálogo: exatamente a partilha, a partir da fé no mesmo Deus e do mesmo batismo. Portanto, um ensinamento e uma obrigação de toda a Igreja”, disse.

E segundo dom Rodolfo o exemplo parte a partir do Papa Francisco que regularmente promove o encontro com pessoas de outras igrejas, como aconteceu agora com a Federação Luterana Mundial. “Com a Federação Luterana Mundial a Igreja tem um diálogo bem próximo e já vai de longa data, por isso constantemente nós nos encontramos para podermos dialogar especialmente com a Federação Luterana”, salientou.

O que se está realizando no Brasil?

O arcebispo de Passo Fundo explicou que a Conferência Nacional do dos Bispos do Brasil (CNBB) tem a representação de alguns bispos que representam a Igreja Católica, assim como os luteranos da igreja evangélica de confissão luterana no Brasil também tem seus representantes. “Nós realizamos vários momentos. Em 2017, por exemplo, preparamos a celebração dos 500 anos da Reforma. Foi feita uma celebração na Catedral de Porto Alegre, onde a parte católica com a representação da presidência da CNBB e também a parte luterana se encontrou para rezar”.

Dom Rodolfo conta que, regularmente, eles se encontram ao menos duas vezes em reuniões anuais. “Certamente para estabelecer e aprofundar o nosso diálogo. Nesse ano não fizemos a reunião presencial, mas fizemos a reunião virtual”, disse.

De acordo com ele, nesse ano os membros se concentraram principalmente em fazer memória de como aconteceu e está acontecendo esse diálogo nos últimos anos. “Tivemos ajuda de pessoas que viveram os primórdios desse diálogo e que nos relataram os passos, os avanços, os pontos divergentes, mas acima de tudo foi manifesto o profundo desejo de dialogar, de compreender-se mutuamente, de respeitar-se ainda mais. Portanto, com os luteranos nós temos um diálogo sistemático e constante e um desejo de aprofundamento”, contou.

Ainda segundo dom Rodolfo, foi conversado nessa última reunião sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica, que foi abraçada com muita profundidade com a Igreja Evangélica Luterana no Brasil. “Com eles também reavaliamos e sentimos com pesar que o tema era o diálogo e, por outro lado, as vezes foi compreendido como um conflito, por isso nós queremos acima de tudo com os irmãos da Igreja Luterana estabelecer esses laços de diálogo, de conversa, de partilha, sabendo muito claramente o que nos distingue e o que nos une, mas as distinções não são motivos de agressividade e rejeição, mas são desafios para sermos mais fraternos e dialogarmos com mais profundidade”, finalizou.

Com CNBB
Foto: Reprodução | CNBB

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