“No Natal, Deus abre imensos horizontes diante de nós, pois nos tira do caminho da morte e nos introduz no caminho da vida”. Essa é a reflexão apresentada pelo arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Murilo Krieger, em artigo publicado no site da entidade. A partir da passagem do Evangelho de Lucas, a leitura definida para a missa da Noite de Natal, dom Murilo questiona o que acontece no Natal e conduz à resposta a partir dos acontecimentos narrados pelo evangelista.
Em Lucas 2, versículos 1 a 20, há o convite a contemplação do presépio: “A descrição que faz do que aconteceu na gruta de Belém nos deixa surpresos, pois Jesus não é descrito diretamente. Fôssemos nós a narrar o nascimento de uma criança, falaríamos de seu rosto e de seu choro, de seu tamanho e peso. Lucas nada nos diz a esse respeito. Não elogia Jesus e nem se preocupa em nos dizer como ele era”.
Dom Murilo continua dividindo a narrativa em duas partes, a primeira com destaque a Maria e José, submetidos ao poderio do imperador César Augusto, e a segunda em torno dos pastores, a quem a mensagem dirigida era marcada pela alegria.
De volta à contemplação, identificando a ausência de pormenores sobre Jesus naquele trecho do livro, dom Murilo destaca que toda a cena tem como centro o Filho de Deus na manjedoura: “Jesus é o centro do Natal. Tudo movimenta-se ao seu redor, isto é, ao redor de uma criança que, como toda criança, é frágil e indefesa. Ele está no centro da vida de Maria e de José; no centro da vida dos pastores. Mais: no centro da História. Tudo gira em torno dele; tudo foi feito por ele e para ele”.
Nos presépios, obras que detém apreço na observação do arcebispo primaz do Brasil, todas as personagens estão em função de Jesus: “Todas estão voltadas para ele ou têm sentido em vista dele. José o protege. Maria é aquela que o enfaixa e o coloca na manjedoura. Os pastores, para visitá-lo, deixam seu rebanho. Jesus nada diz, nada ordena e, no entanto, todos são tocados por ele”.
E neste sentido, a partir do nascimento, “Jesus passa a estar no centro da vida dos homens e mulheres, dos jovens e crianças de todos os tempos – também dos que não o aceitam”, escreveu dom Murilo, que ainda ressaltou: “Ele veio trazer a salvação e a paz para todos, mas não obriga ninguém a aceitá-las”.
“No Natal, o Pai dá o maior de todos os presentes à humanidade. Mas não nos dá Seu Filho porque somos santos, mas porque somos necessitados e precisamos de um Redentor. Sem ele – Caminho, Verdade e Vida -, pereceríamos. Sozinhos, não conseguiríamos trilhar o caminho do amor”, sublinha.
A resposta sobre o que acontece no Natal está em torno dos horizontes abertos com a introdução do povo de Deus no caminho da vida: “O apóstolo Paulo nos dirá que, no Natal, ‘a graça salvadora de Deus manifestou-se a toda a humanidade’, pois Cristo ‘se entregou por nós, para nos resgatar de toda iniquidade e purificar para si um povo que lhe pertença e que seja zeloso em praticar o bem’”, cita a carta a Tito.
Na simplicidade própria desta data, dom Murilo responde o que acontece no Natal: “nasceu para nós um menino” (Is 9,5). Jesus está no meio de nós! (CNBB)
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