Cardeal Scherer dedicou altar e templo construído no lugar de igreja demolida em 2011.
No dia 19 de novembro de 2011, os fiéis da Paróquia Santa Mônica, no Parque Santa Mônica, zona Noroeste de São Paulo, assistiam entre lágrimas a demoli- ção da pequena igreja-matriz, de pouco mais de 50 anos na época, interditada pela Prefeitura devido a problemas estruturais. Exatamente seis anos depois, no domingo, 19, as lágrimas dos fiéis eram de alegria ao verem a nova igreja ser inaugurada e dedicada, assim como o seu altar, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.
O novo templo, onde agora cabem cerca de 300 pessoas, foi construído com o esforço da comunidade e a ajuda de diversas paróquias da Arquidiocese de São Paulo, que se uniram para concretizar o sonho da comunidade. “Vocês estavam esperando por este dia há muito tempo, não é mesmo?”, perguntou Dom Odilo, no início da celebração, recordando que, em 2012, abençoou a pedra fundamental na nova igreja. “Este é um espaço digno para que aqui possamos adorar, honrar o Senhor e que a família dos filhos de Deus aqui possa se reunir”, afirmou.
O Arcebispo ressaltou, ainda, que a celebração era mais do que uma inauguração, mas a sua dedicação a Deus. “Consagramos o templo para Deus, para que Ele permaneça no meio de nós, para que aqui possamos encontrá-Lo”.
No rito de dedicação, o Cardeal aspergiu com água-benta, incensou e ungiu com o óleo do Crisma as colunas da igreja e o novo altar diante do qual foram depositadas as relíquias de Santo Antô- nio de Sant’Anna Galvão, Santa Paulina e São José de Anchieta. Dom Odilo explicou que as relíquias ajudam os fiéis a lembrarem que toda a missa traz presente a vida dos santos como “oferta agradá- vel a Deus”.
História
A Igreja Católica está presente no Parque Santa Mônica há aproximadamente 60 anos, quando foi erguida uma pequena capela em honra a Nossa Senhora de Fátima, ligada à Paróquia Santa Terezinha, no Jardim Regina. Em 26 de agosto de 2001, a comunidade foi elevada à Paróquia com o título de Santa Mônica, fruto de uma devoção forte de algumas famílias do bairro. O primeiro Pároco foi o Padre Vittório Morégola, atual Vice-Chanceler do Arcebispado.
Desde a interdição e depois demolição da antiga igreja, já tendo como Pároco o Padre Cristiano de Souza Costa, as missas e atividades da Paróquia aconteciam em um colégio do bairro e nas casas das famílias. Nesse período começou a ser feita a fundação do terreno para a construção da nova matriz. Porém, recursos financeiros arrecadados até então não foram suficientes para dar continuidade às obras, que ficaram paradas entre 2012 e 2013.
Em 2013, Padre Jaidan Gomes Freire assumiu a função de administrador paroquial da Santa Mônica, ao mesmo tempo que permanecia Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Pirituba. “Nesta ocasião, mobilizamos as paróquias da Região Episcopal Lapa e de outras regiões, que nos fizeram doações em dinheiro ou de objetos para serem usados na promoção de eventos para arrecadar fundos”, contou. No mesmo ano, a Paróquia recebeu uma ajuda financeira da Arquidiocese de São Paulo, resultante da campanha realizada por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Esses valores ajudaram na construção do salão no subsolo da igreja e na construção do templo.
Em 2014, começaram a ser celebradas missas no salão paroquial e, em 2015, as celebrações passaram a acontecer no interior da igreja ainda inacabada.
Padre Jaidan, que tomou posse como pároco em abril de 2016, destacou que, no período em que as obras ficaram paradas, os paroquianos perderam a referência de um local para o encontro dominical. “Muitos se dispersaram para paróquias vizinhas. Algumas pessoas que se mudaram para o bairro nem sequer sabiam que existia uma paróquia aqui”, disse.
Emoção
Durante a missa de dedicação, Eurídice Pereira Carracini, 65, membro da Paróquia há 25 anos, se emocionou enquanto proclamava a primeira leitura, do Profeta Neemias. O texto narra o momento em que o Sacerdote Esdras apresentou a Lei na assembleia depois da libertação do povo hebreu no exílio na Babilônia. “Todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei”, dizia a leitura. Eurídice relatou ao O SÃO PAULO que aquele texto bíblico expressava exatamente o que ela e boa parte da comunidade sentia naquele dia.
“Eu estava do outro lado da rua quando o trator derrubou a primeira parede da nossa capelinha. Eu não consegui ver o restante. Mesmo sabendo que era para um bem maior da nossa comunidade”, recordou Eurídice, que relatou, ainda, a ocasião em que, durante um evento com a presença do Cardeal Scherer, em 2013, tomou a palavra e manifestou sua tristeza ao ver as obras da matriz paradas. “Naquele dia, no final do encontro, Dom Odilo se aproximou de mim e disse para eu ficar tranquila que a nossa igreja seria construída. Hoje eu me lembrei de todo esse caminho, de todo o nosso trabalho, daqueles que já partiram e não puderam ver a nova Igreja”.
Membro da Paróquia há 40 anos, Helena Simões dos Santos, 73, também se emocionou com as lembranças da comunidade e das muitas ajudas recebidas: “Sinto uma alegria muito grande por poder testemunhar a história de nossa paróquia antes e depois da nova igreja. O nosso bairro é de pessoas simples, trabalhadoras e que colocam muito o coração em tudo o que fazem”.
Diante da emoção dos fiéis durante a missa, Dom Odilo chamou a atenção para a padroeira, Santa Mônica, conhecida pelas muitas lágrimas derramadas pela conversão de seu filho, Santo Agostinho. “Deus escutou as suas orações, seus soluços e seu choro… Aqui vocês poderiam desenvolver essa devoção. As mães poderiam se reunir para rezar pelos jovens, pelos filhos. As ‘amigas de Santa Mônica’. Que tal?”, motivou o Arcebispo. (Arquidiocese de São Paulo)
Por Fernando Geronazzo
Comments
No comment