Padre Gianfranco: Encarceramento em massa e comercialização do cárcere são os principais problemas

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A morte de 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM), no primeiro dia do ano, resultado de um dos maiores motins da história do sistema prisional brasileiro, gerou perplexidade em boa parte da sociedade brasileira.

Infelizmente, o que se viu em Manaus acontece de forma recorrente pelo país: morte de presos quase que diariamente nas unidades prisionais brasileiras, como há tempos denuncia a Pastoral Carcerária Nacional. Para comentar o caos do sistema prisional no país, o Padre Gianfranco Graziola, vice-coordenador nacional da Pastoral, concedeu entrevista à Rádio Vaticano, em que denunciou o fenômeno do encarceramento em massa e a comercialização do sistema carcerário brasileiro.

“No Brasil, temos o chamado encarceramento em massa. É o país no mundo que mais encarcera. Hoje em dia, os dados apontam que é o terceiro país no mundo que tem mais pessoas encarceradas ou privadas de liberdade e está num crescente muito grande, contrariamente aos Estados Unidos, à China ou à Rússia, que estão num processo de desencarceramento, porque não acreditam que o cárcere vai resolver problemas. E também nós da Pastoral, como entidade da Igreja, não acreditamos. O cárcere é um produtor de criminalidade, um produtor de violência, um produtor de tortura, nós temos apresentado isto muito claramente com dados e isso tem tido repercussões, mas parece que não são suficientes para combater esta luta entre as facções, sobretudo este comércio que se tornou o sistema carcerário brasileiro”, afirmou.

Ainda segundo o Padre Gianfranco, “como Igreja, como Pastoral, temos esta dimensão que não é apenas a da evangelização, no sentido de pregadores, mas é sobretudo de denúncia, de querer o desencarceramento: esta é a nossa batalha, este é o nosso lema, o nosso trabalho, através de uma Agenda com dez pontos bem concretos, e que leva ao desencarceramento. Ela questiona pontos fundamentais como a questão das drogas, a questão de uma justiça que é vertical e não horizontal ou restaurativa, e com a responsabilização da própria sociedade sobre os seus problemas, e o enfrentamento dos mesmos de uma forma coletiva e democrática”.

Com informações e foto da Pastoral Carcerária

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